segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Cientistas encontram possível sinal de existência de matéria escura


(UOL) Um pico estranho verificado nos dados coletados pelo telescópio XMM-Newton, da ESA (Agência Espacial Europeia, na sigla em inglês), e que não pode ser explicado por nenhuma partícula ou átomo conhecido pode ser a primeira detecção de um sinal da existência da chamada matéria escura -- substância que não pode ser diretamente observada porque não absorve ou emite luz. Até agora, os cientistas eram capazes apenas de deduzir a sua existência pelos efeitos que causa na gravidade da matéria visível. Esse é hoje um dos maiores mistérios da física moderna e estima-se que esse material componha 80% de todo o universo, ou 26,8% de sua densidade.

Assinada por uma equipe de pesquisadores internacionais do Laboratório de Física das Partículas e Cosmologia da EPLF e da Universidade de Leiden, na Holanda, a descoberta será publicada na próxima semana na Physical Review Letters. Apesar de a matéria escura nunca ter sido detectada ou medida, o novo estudo oferece uma evidência intangível da sua existência.

Liderada pelos cientistas da EPFL Oleg Ruchayskiy e Alexey Boyarsky, também professores da Universidade de Leiden, a equipe de pesquisadores se debruçou sobre os milhares de dados coletados pelo telescópio da ESA e detectou um pico estranho nas emissões de raio-x vindas de dois pontos diferentes do universo: as galáxias de Andrômeda e Perseus. O sinal não corresponde aos gerados pelas partículas e átomos conhecidos e é improvável que seja resultado de algum erro nos instrumentos de medição. Por isso, os cientistas acreditam, esperançosamente, que pode ter sido produzido por uma partícula de matéria escura.

O sinal aparece muito fraco no espectro do raio-x em uma emissão de fóton atípica que não poderia ser atribuída a qualquer forma conhecida da matéria. Além disso, a "distribuição do sinal dentro da galáxia corresponde exatamente ao que nós estávamos esperando com a matéria escura, isto é, concentrada e intensa no centro de objetos e mais fraca e difusa nas bordas", explicou Ruchayskiy. Para comprovar, o professor Alexey Boyarsky afirmou que a Via Láctea também foi analisada. "Nós procuramos dados da nossa própria galáxia, a Via Láctea, e fizemos as mesmas observações", disse em comunicado à imprensa.

Os pesquisadores acreditam que o sinal poderia ter vindo da destruição de uma partícula hipotética conhecida como neutrino estéril

Se a descoberta for confirmada, serão abertos novos caminhos nas pesquisas de física de partículas. Além disso, os cientistas afirmam que ela pode inaugurar uma nova era na astronomia moderna. "A confirmação pode levar à construção de novos telescópios especialmente desenhados para o estudo de sinais de partículas de matéria escura. Nós saberemos para onde olhar e assim traçar estruturas escuras no espaço capazes de reconstruir o processo de formação do universo", afirmou Boyarsky.
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