segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Investigação lança novas pistas para a descoberta de partículas de matéria escura


(Ciência 2.0) Um grupo de investigação da Universidade de Leicester pode ter detetado diretamente partículas de matéria escura. A descoberta resulta da observação de medições do satélite XMM ­Newton, da Agência Espacial Europeia (ESA), e foi publicada hoje no “Monthly Notices da Royal Astronomical Society”.

A equipa de Leicester encontrou o que parece ser um indício de “axiões” – possíveis partículas de matéria escura. Partindo de 15 anos de medições de raio X feitas pelo satélite da ESA, detetaram que a intensidade dos raios aumentava cerca de 10% no limite do campo magnético da Terra que está voltado para o sol.

A única interação da matéria escura com a dita normal é, precisamente, a gravidade, portanto, espera-se que exista mais matéria escura no campo gravitacional do sol. "O sinal sazonal neste fundo de raios X não tem nenhuma explicação convencional, mas é consistente com a descoberta de axiões", refere, em comunicado, Andy Leia, do Departamento de Física e Astronomia da Universidade de Leicester.

Mário Monteiro, investigador do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto, afirma que a investigação está num estado muito precoce "para avançar com a explicação de que a matéria escura é responsável pelo excesso de raio X observado". "É preciso confirmar estes dados, através de outras missões. E, depois verificar todas as explicações alternativas, que foram excluídas", adverte.

Se se confirmar a tese dos investigadores da Universidade de Leicester, a descoberta é, segundo o português, "merecedora um prémio nobel". "Não temos, até ao momento, qualquer evidência direta da existência de matéria escura. Tudo o que nos ajudar a perceber as suas características físicas pode ser fundamental!".

Apesar de “invisível”, acredita-se que esta constitui cerca de 85% de toda a matéria no universo. A comunidade científica tem debatido a sua existência desde 1933, e, atualmente, é uma das prioridades na investigação astronómica.

A ESA está a planear uma missão cujo objetivo é mesmo caracterizar a matéria escura no universo. A Euclid parte em 2019/2020, e está a ser preparada por uma comunidade de milhares de astrónomos, nos quais se incluem investigadores do CAUP e do Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa.
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