segunda-feira, 5 de abril de 2010

Fluxo Escuro é rastreado nas profundezas do Universo


Os pontos coloridos são aglomerados de galáxias, com as cores mais avermelhadas indicando distâncias maiores. As elipses coloridas mostram a direção do movimento geral dos aglomerados da cor correspondente.[Imagem: NASA/Goddard/A. Kashlinsky, et al.]


(Inovação Tecnológica) Se você ainda não se acostumou com conceitos como matéria escura e energia escura, prepare-se para assimilar mais um termo na lista dos inexplicáveis mistérios do universo: Fluxo Escuro.

O que é Fluxo Escuro
A ideia ainda é controversa, mas tente imaginá-la da seguinte forma: depois do Big Bang, o Universo está se expandindo continuamente - e há evidências de que esta expansão esteja se acelerando.

Contando o tempo desde a ocorrência do Big Bang, é fácil imaginar que há uma espécie de "fronteira" no nosso Universo, que é até onde os efeitos do Big Bang atuaram.

Os cientistas calculam que esta fronteira esteja a aproximadamente 45 bilhões de anos-luz de distância - o tempo decorrido desde o Big Bang mais a aceleração da expansão do Universo.

Agora imagine que haja uma espécie de "buraco" nessa fronteira, por onde uma parte do nosso Universo pode estar literalmente "vazando" para outro universo. O Fluxo Escuro é a parte da matéria - e eventualmente da energia - do nosso Universo que estaria vazando por este ralo cósmico.

É por isto que os proponentes da ideia acreditam que o Fluxo Escuro pode ser a prova da existência de outro universo.

Ralo cósmico
O ralo cósmico para onde o Fluxo Escuro está fluindo fica em um ponto do céu entre as constelações de Sagitário e Hidra. Lá, os aglomerados de galáxias estão se movendo a velocidades extremamente altas em comparação com aglomerados de galáxias localizados em outras parte do céu - algo que, acrescente-se, é totalmente incompatível com todas as teorias cosmológicas atuais.

Agora, Alexander Kashlinsky, um astrofísico da NASA, que foi quem primeiro observou o Fluxo Escuro, acaba de medi-lo a uma distância duas vezes maior do que havia sido possível até agora. E não vê motivos para descartar suas teorias.

"Isto não é algo que tenhamos nos proposto a encontrar, mas não conseguimos descartá-lo," disse Kashlinsky. "Agora, vemos que ele persiste a distâncias muito maiores - tão longe quanto 2,5 bilhões de anos-luz de distância."

Horizonte do Universo
O Fluxo Escuro é controverso porque a distribuição de matéria no Universo observável não consegue explicá-lo. Sua existência sugere que alguma estrutura além do Universo visível - fora do nosso "horizonte cósmico" - está puxando essa matéria.

Os aglomerados de galáxias parecem estar se movendo ao longo de uma linha que se estende do Sistema Solar em direção a Sagitário/Hidra, mas ainda não há precisão suficiente na medição dessa direção.

Os dados atuais indicam que os aglomerados estão se dirigindo na direção desse ponto, afastando-se da Terra, mas a equipe ainda não pode excluir a possibilidade de que o movimento tenha a direção oposta.

"Nós detectamos o movimento ao longo deste eixo, mas hoje os nossos dados não podem afirmar tão fortemente como gostaríamos se os agrupamentos estão indo ou vindo", disse Kashlinsky.

Desvendando o Fluxo Escuro
Kashlinsky e seus colegas estão agora trabalhando para expandir seu catálogo de aglomerados de galáxias a fim de mensurar o Fluxo Escuro a uma distância duas vezes maior do que a atual.

O trabalho é longo e extenuante porque pode levar anos apenas para localizar os aglomerados galácticos na região onde as medições devem ser feitas. Uma vez localizados, uma hora de telescópio é suficiente para medir a distância de cada aglomerado, mas observações subsequentes são necessárias para detectar seu movimento e sua velocidade.

O aprimoramento da modelagem do comportamento dos gases quentes no interior dos aglomerados de galáxias irá ajudar a refinar a velocidade, o eixo e a direção do movimento do Fluxo Escuro.

Mais para o futuro, os planos incluem testar os resultados em relação aos dados mais recentes captados pela sonda WMAP e pelo telescópio espacial Planck, que também está mapeando a radiação cósmica de fundo.

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