sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Matéria escura será próxima descoberta após Bóson de Higgs

Quase 50 anos tiveram que passar até que o Centro Europeu de Física de Partículas (CERN) anunciasse que finalmente a partícula subatômica havia sido descoberta


(Efe/Exame) O prêmio Nobel da Física François Englert acredita que descobrir a matéria escura é o próximo "desafio que tem mais chances de ser resolvido" em um futuro próximo, após a descoberta do Bóson de Higgs, do qual é um dos "pais".

O belga Englert e o britânico Peter Higgs receberão amanhã, terça-feira, o Prêmio Nobel da Física pelo "descobrimento teórico de um mecanismo que contribui para nosso entendimento da origem da massa das partículas subatômicas", que é o mesmo que ter acertado com sua teoria a existência do bóson.

Quase 50 anos tiveram que passar até que o Centro Europeu de Física de Partículas (CERN) anunciasse, em julho de 2012, que finalmente a partícula subatômica havia sido descoberta. Mas isso não representa o fim de uma etapa, e sim, o início de outras muitas.

Em entrevista à Agência Efe, Englert considerou "provável" que "o desafio que tem mais chances de ser resolvido" em um futuro, "pelo menos próximo", é o da matéria escura, que representa quase um quarto da massa do Universo observável.

"Há muitas possibilidades" que essa matéria escura tenha origem em partículas que ainda não conhecemos ou que "esteja ligada a uma supersimetria que ainda não descobrimos", afinal de contas "não temos certeza do que é composta", explicou.

Na verdade, a única maneira de observá-la foi de forma indireta através de sua interação com a matéria visível. Para encontrá-la estão sendo realizados experimentos paralelos no espaço e em laboratórios subterrâneos como os do CERN.

A matéria escura poderia se transformar em outro tipo de fenômeno de massas como foi o Bóson de Higgs, que poucos saberiam explicar, mas cada vez que se comentava que sua descoberta estava próxima causava um grande interesse do público.

"As pessoas poderão entender melhor o que é a matéria escura, pelo menos se for como pensamos, e se também estiveram interessadas por ela", prevê Englert, para quem o Higgs, pelo contrário, é parte "de uma teoria muito complexa e difícil de explicar sem fazer aproximações a grosso modo que não costumam ser corretas".

Mas o físico lembra que não se deve confundir matéria escura com energia escura (a que é responsável pela expansão acelerada do Universo), que é "um problema muito diferente" cuja resolução "requer uma nova orientação de pensamento".

Este tem sido o ano de Englert e Higgs, que também recebeu o Prêmio Príncipe de Astúrias de Pesquisa Científica e Técnica.

As honras chegaram após ele ter demonstrado a existência de uma partícula subatômica (o bóson), pela qual as partículas restantes adquirem massa, uma parte central do Modelo Padrão da física que descreve como o universo é construído.

Embora o bóson ter levado o nome do britânico Higgs, a teoria foi formulada em 1963 por ele em parceria com Englert e o já falecido Robert Brout.

Demonstrar a existência do bóson requisitou um longo esforço de pesquisa e de recursos, embora Englert, de 81 anos, não tenha seguido "dia a dia" o que aconteceu nesse aspecto já que nessas cinco décadas de busca ele trabalhou "em muitas outras áreas".

A Academia sueca menciona na motivação do prêmio o CERN e seu trabalho experimental graças ao acelerador de partículas conhecido como o Grande Colisor de Hádrons (sigla em inglês, LHC).

Além da excelência inquestionável do centro, localizado na fronteira franco-suíça, que envolve cientistas de todo o mundo, Englert destaca um aspecto mais humano.

"O ambiente é muito agradável. Há pessoas que vem de países que entre eles estão quase em guerra e, no entanto, podem falar com paixão de coisas que interessam ao mundo todo", comentou.

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