quarta-feira, 27 de junho de 2012

Astronomia de olhos bem abertos

Projeto ajuda a revelar características das misteriosas matéria e energia escuras



(O Globo) Um dos mais ambiciosos projetos astronômicos da História está ajudando os cientistas a desvendar alguns dos maiores mistérios do Universo. Com um telescópio de 2,5 metros instalado no Observatório de Apache Point, no deserto do Novo México, EUA, o Sloan Digital Sky Survey (SDSS) acumulou informações sobre mais de meio bilhão de objetos celestes em 12 anos de atividade. Isso não só permitiu a montagem do maior e mais detalhado retrato do Universo, divulgado no início do ano passado, como abriu caminho para o estudo de suas estruturas em larga escala, revelando algumas características e a natureza das misteriosas matéria e energia escuras.

No Rio para participar de reunião da colaboração do SDSS no Observatório Nacional, a segunda fora dos EUA (a primeira foi em Paris, em 2009), Michael Wood-Vasey, astrofísico e professor da Universidade de Pittsburgh, destaca a importância do levantamento para melhorar a compreensão que temos do Universo. Amanhã à noite, Wood-Vasey, que também atua como porta-voz científico do SDSS, proferirá palestra aberta ao público no Planetário em que vai falar sobre como o projeto está mudando nossa visão sobre o Cosmo, sua história e, quem sabe, seu futuro.

— Desde que divulgamos este grande mapa do céu no ano passado, uma parte do projeto obteve os espectros de 500 mil galáxias de forma a analisá-las para entender como as coisas estão organizadas no Universo e, com isso, compreender a matéria escura e como o Cosmo está se expandindo com o tempo sob a influência da energia escura, que está acelerando esta expansão — conta o cientista.

Diferentemente da maior parte dos telescópios, que se focam em pequenas partes do céu para estudar detalhes de objetos longínquos, o equipamento do SDSS é capaz de observar grandes extensões do firmamento ao mesmo tempo, o equivalente a 20 vezes o tamanho de uma Lua cheia. Com isso, o projeto já conseguiu mapear cerca de um terço de todo o céu, proporcionando diversas descobertas. Segundo Wood-Vasey, mais de 5 mil artigos científicos foram publicados em revistas especializadas com base nos dados do SDSS.

— Para esses estudos, é muito importante observar um grande volume do Universo, o que implica olhar para grandes áreas do céu — explica. — O que o SDSS fez foi mudar a astronomia do estudo de alguns poucos objetos ao mesmo tempo para milhares ou dezenas de milhares. Muitas das questões que temos hoje não são sobre uma estrela ou galáxia específica, mas como elas se formam e como o Universo é em grande escala. Ao fazer um levantamento de grandes estruturas, tanto as mais próximas quanto as mais distantes, o SDSS funciona como uma máquina do tempo que nos leva para um passeio pela história do próprio Universo.

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