sábado, 10 de setembro de 2011

Para onde foi a anti-matéria?

O LHCb e a teoria do espelho



(Ciência Hoje - Portugal) Na pequena cidade de Meyrin, situada no cantão de Genebra, ocorrem colisões de protões de alta velocidade (muito próxima à da velocidade da luz), a cada 50 nanossegundos, numa extensão de 27 quilómetros de perímetro e a cem metros de profundidade, que abrange ainda uma pequena extensão do território francês. Aqui, fica a Organização Europeia para a Física de Partículas (CERN) e, com a ajuda dos detectores do Grande Colisor de Hadrões (LHC), é onde se tenta responder a uma série de perguntas que possam ajudar a perceber o mundo e a sua origem.

Após o Big Bang, surgiram os primeiros átomos e as primeiras galáxias… Hoje, somos feitos de velhas partículas com mais de 13,7 mil milhões de anos. Os aceleradores de partículas do CERN reúnem as condições para recriar o momento que prevalecia logo após este acontecimento e poderá explicar o estado actual do nosso universo.

Este gigante laboratório de partículas, o maior do mundo, reúne várias experiências ao mesmo tempo e cada uma envolve pelo menos duas mil pessoas. O LHCb é uma das quatro maiores e foi concebido para estudar assimetrias entre matéria e anti-matéria, a partir de partículas conhecidas como ‘quarks da beleza’ (no LHCb, o “b” é usado para definir beleza).

E “se não existe um anti-universo é porque as forças não actuam da mesma forma entre partículas e anti-partículas”, referem os físicos. Os investigadores aventam que a matéria e anti-matéria existiam em quantidades idênticas durante o Big Bang. No entanto, vivemos agora num universo composto apenas por matéria.

Mas, para onde foi a anti-matéria? Os cientistas até agora apenas foram capazes de encontrar pequenos vestígios de anti-matéria no interior de algumas estrelas e o trabalho do Grande Colisador de Hadrões (LHC- Large Hadron Colider) é precisamente seguir-lhe o rasto.

“A anti-matéria é igual à matéria, mas tem carga oposta”, funcionando como um espelho, referiu Sofia Andringa, investigadora do grande ‘agregador’ português de Física Experimental (LIP). Aliás, o próprio logótipo do LHCb é a sua própria imagem reflectida, como alusão à esta grande questão do universo. “Criar anti-matéria é fácil, mas pará-la e mantê-la é difícil. O ideal seria conseguir uma garrafa cheia para estudá-la”, continuou a investigadora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário