Imagem de colisão de íons de chumbo no interior do Atlas, um dos detectores do LHC
(Reuters / Estadão) As informações sobre os estágios iniciais do Universo estão se acumulando tão depressa que os físicos podem prorrogar a atual fase de experimentos do Grande Colisor de Hádrons (LHC) até o fim de 2012, disse o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern).
A prorrogação, que será definida em janeiro, pode levar a uma antecipação na descoberta do misterioso bóson de Higgs, a partícula que teria dado massa a todas as demais, na origem do cosmo.
"Há uma grande janela para novas descobertas abrindo-se, e queremos garantir que o impulso desses últimos meses se mantenha", disse o diretor-geral do Cern, Rolf Heuer, que supervisiona os experimentos do LHC.
"Confirmamos neste ano tudo o que pensávamos saber sobre o Universo físico, e agora estamos entrando num território novo", disse seu assistente, o diretor de pesquisas Sergio Bertolucci.
"Estamos procurando os desconhecidos de que sabemos e também coisas em que sequer pensamos".
Heuer e Bertolucci deram essas declarações no momento em que engenheiros do Cern começam a fechar o LHC para os ajustes que serão feitos no equipamento durante o inverno do hemisfério norte.
Especialistas do Cern também confirmaram para os colegas dois feitos que já haviam sido anunciados informalmente: a produção do plasma de quarks e glúons, que se acredita tenha sido o estado da matéria pouco após o Big Bang, há 13,7 bilhões de anos.
Além disso, pela primeira vez a atividade dos dois tipos de partículas do plasma foi rastreada em detalhe, e um fenômeno chamado "abafamento de jato" foi observado, dando pistas sobre a evolução da matéria.
Os resultados foram obtidos poucos dias do início das colisões de íons de chumbo no LHC, produzindo, por instantes e em espaços minúsculos, temperaturas 500.000 vezes maiores que a do núcleo do Sol.
Esses "mini Big Bangs" foram ainda mais intensos que as colisões de núcleos de hidrogênio realizadas nos primeiros sete meses de operação do LHC.
Com o hidrogênio, os cientistas do Cern confirmaram a validade do chamado Modelo Padrão, o conjunto de teorias que reúne tudo o que se sabe a respeito das partículas fundamentais e das forças que atuam entre elas.
Após a parada de inverno, os pesquisadores do Cern vão retomar as colisões de partículas a energias que chegarão a 7 Tera-elétron-volts, ou TeV.
O limite de 7 TeV deveria ser mantido até o fim de 2011, quando o LHC deverá ser desativado por um ano.
Heuer disse que, se a prorrogação foi concedida, as energias de colisão poderão subir a 8 TeV até o fim de 2012, aumentando a chance de produção de um Higgs.
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