sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Cientistas querem prorrogar simulações do Big Bang no LHC

Desativação do LHC no final de 2011 pode não ocorrer, para permitir mais experimentos em alta energia

Imagem de colisão de íons de chumbo no interior do Atlas, um dos detectores do LHC

(Reuters / Estadão) As informações sobre os estágios iniciais do Universo estão se acumulando tão depressa que os físicos podem prorrogar a atual fase de experimentos do Grande Colisor de Hádrons (LHC) até o fim de 2012, disse o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern).

A prorrogação, que será definida em janeiro, pode levar a uma antecipação na descoberta do misterioso bóson de Higgs, a partícula que teria dado massa a todas as demais, na origem do cosmo.

"Há uma grande janela para novas descobertas abrindo-se, e queremos garantir que o impulso desses últimos meses se mantenha", disse o diretor-geral do Cern, Rolf Heuer, que supervisiona os experimentos do LHC.

"Confirmamos neste ano tudo o que pensávamos saber sobre o Universo físico, e agora estamos entrando num território novo", disse seu assistente, o diretor de pesquisas Sergio Bertolucci.

"Estamos procurando os desconhecidos de que sabemos e também coisas em que sequer pensamos".

Heuer e Bertolucci deram essas declarações no momento em que engenheiros do Cern começam a fechar o LHC para os ajustes que serão feitos no equipamento durante o inverno do hemisfério norte.

Especialistas do Cern também confirmaram para os colegas dois feitos que já haviam sido anunciados informalmente: a produção do plasma de quarks e glúons, que se acredita tenha sido o estado da matéria pouco após o Big Bang, há 13,7 bilhões de anos.

Além disso, pela primeira vez a atividade dos dois tipos de partículas do plasma foi rastreada em detalhe, e um fenômeno chamado "abafamento de jato" foi observado, dando pistas sobre a evolução da matéria.

Os resultados foram obtidos poucos dias do início das colisões de íons de chumbo no LHC, produzindo, por instantes e em espaços minúsculos, temperaturas 500.000 vezes maiores que a do núcleo do Sol.

Esses "mini Big Bangs" foram ainda mais intensos que as colisões de núcleos de hidrogênio realizadas nos primeiros sete meses de operação do LHC.

Com o hidrogênio, os cientistas do Cern confirmaram a validade do chamado Modelo Padrão, o conjunto de teorias que reúne tudo o que se sabe a respeito das partículas fundamentais e das forças que atuam entre elas.

Após a parada de inverno, os pesquisadores do Cern vão retomar as colisões de partículas a energias que chegarão a 7 Tera-elétron-volts, ou TeV.

O limite de 7 TeV deveria ser mantido até o fim de 2011, quando o LHC deverá ser desativado por um ano.

Heuer disse que, se a prorrogação foi concedida, as energias de colisão poderão subir a 8 TeV até o fim de 2012, aumentando a chance de produção de um Higgs.

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