terça-feira, 9 de novembro de 2010

Superacelerador de partículas recria mini-Big Bangs


(O Globo) O superacelerador de partículas Grande Colisor de Hádron (LHC, na sigla em inlgês), localizado na fronteira entre a França e a Suíça, conseguiu recriar com sucesso mini-Big Bangs, provocando a colisão de íons em vez de prótons. Os cientistas que trabalham na máquina conseguiram alcançar as inéditas condições para a experiência no último domingo. A experiência recriou temperaturas um milhão de vezes mais elevadas que aquelas registradas no centro do Sol e atingiu 10 trilhões de graus Celsius, sendo a temperatura mais elevada já atingida em experiências feitas pelo homem. O LHC é constituído de um túnel circular subterrâneo de 27 quilômetros. Antes, os cientistas conseguiam apenas colidir prótons.

A ideia da construção do acelerador, coordenado pela Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, é provocar a colisão de partículas para recriar as condições registradas no início da formação do Universo, logo após o Big Bang. Cientistas acreditam que estudando as partículas resultantes dessas colisões será possível entender, entre diversas outras coisas, como a matéria se formou no Universo.

Durante quatro semanas, cientistas do LHC vão se concentrar em analisar os dados obtidos pela colisão de íons de chumbo. Dessa maneira, eles esperam aprender mais sobre o plasma que deu origem ao Universo, um milionésimo de segundo após o Big Bang, há 13,7 bilhões de anos.

- Estamos muito empolgados com essa façanha - disse David Evans, da Universidade de Birmingham, responsável pelo sistema criado especificamente para colidir íons de chumbo. - Esse processo foi feito com total segurança em um ambiente controlado, gerando bolas de fogo incrivelmente quentes e densas, com temperaturas acima de 10 trilhões de graus Celsius, um milhão de vezes mais quente que o centro da Terra. Nessas temperaturas, até mesmo prótons e nêutrons derretem, resultando em uma densa sopa de (partículas) quarks e glúons, conhecida como plasma quark-íon - explicou.

Prioridade é a 'partícula de Deus'
Os cientistas esperam que o LHC lance luz sobre grandes mistérios do Universo. A principal motivação é identificar o Bóson de Higgs, também conhecido como "partícula de Deus". Proposto em 1964 pelo escocês Peter Higgs, o bóson seria o responsável por dotar de massa tudo o que existe no Universo, transformando gases em galáxias, estrelas e planetas. A partícula também possibilitaria o surgimento da vida na Terra e, talvez, em outros locais do cosmos. Por isso há tanta expectativa de que o LHC forneça provas de sua existência.

Outra missão do Cern é encontrar evidências relacionadas à matéria escura, ou invisível, que seria responsável por cerca de 25% da massa do Universo. Apenas 5% do Cosmos reflete luz. Espera-se, ainda, que o LHC, em seus estimados 20 anos de vida, encontre provas reais da existência de energia escura, que representaria os 70% restantes do Universo.

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Matérias similares no iG, UOL, DN - Portugal e Inovação Tecnológica
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E mais: O LHC funcionou, o mundo não acabou… (Carlos Orsi - Estadão) - com matéria similar no AstroPT

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