quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Detector da Estação Espacial investigará suposto antiuniverso

(Reuters / Estadão) Um enorme detector de partículas que será montado na Estação Espacial Internacional poderá encontrar evidências de um antiuniverso, frequentemente evocado na ficção científica, afirmaram físicos na quarta-feira.

Em uma entrevista coletiva concedida enquanto o espectrômetro magnético Alpha (AMS, na sigla em inglês), de 8,5 toneladas, era colocado em um avião de carga da Força Aérea dos Estados Unidos no aeroporto de Genebra, eles disseram que o programa de pesquisa de 20 anos de duração trará um enorme avanço para a compreensão do cosmos.

"Se existe um antiuniverso, talvez para além da extremidade de nosso universo, nosso detector baseado no espaço poderá ser capaz de nos trazer sinais de sua existência", afirmou na entrevista Samuel Ting, cientista norte-americano laureado pelo prêmio Nobel.

"O cosmos é o laboratório supremo."

Ting, professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) de 73 anos, é o investigador principal do projeto, que envolve cerca de 500 cientistas e técnicos de todo o planeta.

Os cosmólogos afirmam que o Big Bang, ocorrido há 13,7 bilhões de anos, deve ter produzido quantidades iguais de matéria e antimatéria - que se aniquilam uma a outra quando em contato, liberando energia. O universo que surgiu, no entanto, é feito predominantemente de matéria.

Os cientistas esperam que o AMS encontre pistas do que aconteceu à antimatéria, e se há outros locais que são quase inteiramente formados por antimatéria existindo na extremidade do universo conhecido, sendo uma imagem espelhada dele e de tudo o que há dentro dele, incluindo a vida.

O objetivo primeiro do detector, que tem um magneto superpotente em seu centro, é outro: a misteriosa matéria "escura", ou invisível, cuja energia escura forma quase 95 por cento do universo conhecido.

Os cientistas também esperam que o AMS forneça informações detalhadas sobre os raios cósmicos - um campo inexplorado de pesquisa que pode ser feito apenas no espaço.

Mas é possível que também responda a questões que ainda não foram feitas.

"Ele poderá apresentar muitas surpresas", disse o físico italiano Roberto Battiston, integrante da equipe. "Nunca estivemos tão conscientes de nossa ignorância - sabemos que não sabemos nada sobre o que forma tudo do nosso universo, com a exceção de 5 por cento."
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