segunda-feira, 15 de março de 2010

Aglomerados de galáxias viajam a grandes velocidades numa «estrada cósmica»

Cientistas confirmam a existência de um «fluxo negro» mas não compreendem o fenómeno






(Ciência Hoje - Portugal) A descoberta de um misterioso 'caminho' cósmico que cruza uma parte do universo está a intrigar os cientistas. Nesta 'estrada', uma espécie de fluxo empurra aglomerados de galáxias (clusters) até aos limites do universo visível. A «estrada» estende-se do nosso sistema solar em direcção às constelações Hydra e Centaurus e continua até distâncias superiores a 2500 milhões de anos-luz. O estudo, da equipa do Centro de Voos Espaciais da NASA, liderada por Alexander Kashlinsky, será publicado na edição de sexta-feira do «The Astrophysical Journal Letters».

Os investigadores tinham já registado, em Setembro de 2008, um inesperado padrão de movimento que afectava os aglomerados de galáxias muito distantes da nossa. Não tendo nenhuma explicação para o facto, atribuíram o fenómeno à atracção gravitacional exercida pela matéria que está para lá do Universo Observável.

Chamaram a isso «fluxo negro», para não fugir à linha de mistérios cosmológicos como a matéria ou a energia negras. Neste fenómeno, o movimento das galáxias é independente da expansão do Universo e não segue a Lei de Hubble.

Após dois anos de investigações, a equipa percebeu que os aglomerados de galáxias que se encontram neste caminho cósmico – centrado nas constelações Hydra e Centaurus – fluem a 800 quilómetros por segundo.

Apercebem-se agora que o fenómeno persiste a distâncias muito maiores – até 2500 milhões de anos-luz de distância. Os cientistas não têm a certeza de qual o sentido deste movimento. Os dados indicam que os clusters estão a afastar-se da Terra, mas isso não está ainda confirmado.

Os investigadores não entendem também que força poderá ser capaz de provocar este fenómeno. Além do mais, a quantidade e a distribuição de matéria no Universo Observável não é suficiente para exercer uma atracção gravitacional, e de uma forma tão selectiva, em tantas galáxias ao mesmo tempo.

Alexander Kashlinsky lidera equipa de investigação

Neste estudo, os investigadores catalogaram 1500 clusters diferentes, o dobro do que tinham estudado em 2008. Conseguiram confirmar o «fluxo negro» e agora, os passos seguintes serão aumentar o catálogo e rastrear o fenómeno a distâncias ainda maiores.

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