segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Acelerador de partículas LHC já faz prótons circularem em sentido oposto

O experimento, no entanto, ainda é feito em baixa velocidade.
LHC recriará instantes posteriores ao 'Big Bang'.


Na foto, seção do túnel circular em que será promovida a colisão de partículas para simular os instantes imediatamente posteriores ao Big Bang (Foto: Cern/Maximilien Brice)

(Efe / G1) O Centro Europeu de Física Nuclear (Cern) avaliou nesta segunda-feira (23) como "um grande êxito" que feixes de prótons já estejam circulando em direções opostas no maior acelerador de partículas do mundo, embora ainda se trate de testes em baixa velocidade.

"Podemos anunciar com grande entusiasmo que tudo está funcionando como previsto, em excelentes condições", afirmou em entrevista coletiva Steve Myers, um dos diretores responsáveis pelo acelerador, denominado Grande Colisor de Hádrons (LHC, em inglês).

"Fizemos medições que normalmente são feitas em aceleradores várias vezes testados", acrescentou.

O LHC voltou a funcionar na última sexta-feira (20), com o lançamento de feixes em uma só direção, depois de 14 meses paralisado.

Durante esse tempo, foram reparados dois erros técnicos ocorridos em setembro de 2008, apenas nove dias depois da máquina entrar em operação em meio a uma grande expectativa da comunidade científica internacional.

O enorme acelerador, de 27 quilômetros de comprimento, está situado a 100 metros de profundidade no Cantão de Genebra (Suíça), na fronteira com a França.

"É o fim de 20 anos de esforços, e o princípio de outra nova e fascinante fase", afirmou Fabiola Gianotti, porta-voz do Atlas, um dos quatro detectores de partículas do acelerador.

"Demos um grande passo, e foi um grande êxito. Agora começa a segunda parte da viagem", disse, por sua vez, Tejinder Virdee, porta-voz do CMS.

"Primeiro precisamos observar como eles circulam, e devemos identificá-los com absoluta certeza para podermos manipulá-los. Queremos proteger o acelerador e nos certificarmos de que o processo é seguro", explicou Myers.

'Big Bang'
"Vamos seguir passo a passo, faremos testes para comprovar que o LHC funciona perfeitamente. Faremos também as mudanças necessárias e, quando tivermos confiança total no acelerador, então faremos as colisões a alta velocidade", disse o diretor-geral do CERN, Rolf Heuer.

A existência dessa partícula, que deve seu nome ao cientista que há 30 anos previu sua existência, é considerada indispensável para explicar por que as partículas elementares têm massa e por que as massas são tão diferentes entre elas.

Myers especificou que a ideia é fazê-las alcançar uma velocidade de 1.2 TeV (teraelétron-Volts) nas próximas semanas. Apenas em meados do ano que vem ela chegaria a 3.5 TeV.

"Esperamos que a 3.5 TeV já possamos observar algo novo, mas ainda não temos certeza disso", afirmou Gianotti.

"Pode ser que a essa velocidade já possam ser abertas novas janelas para a ciência. É o que todos esperamos, mas não podemos garantir", acrescentou Heuer.

O passo seguinte seria fazer testes a 7 TeV por feixe.

"A natureza é mais elegante que as suposições dos humanos, vamos deixar que ela nos surpreenda", disse Gianotti.

Para a construção do LHC foram investidos 12 anos de trabalho, cerca de 4 bilhões de euros, e o esforço combinado de 7 mil cientistas.

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