quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Expansão do universo traz limites para exploração humana


(New Scientist / Folha) Quão longe um astronauta conseguiria viajar em seu tempo de vida? Resposta: bilhões de anos-luz, mas é preciso ter cautela na viagem de volta. Desde que os astrônomos descobriram que a expansão do universo está acelerando, muitos tentaram imaginar o quanto isto iria restringir o que podemos ver com telescópios no futuro.

Regiões distantes do universo vão acabar por se expandir tão rápido que a luz de qualquer objeto lá pode jamais nos alcançar.

Da mesma forma, a energia escura --a força misteriosa por trás da aceleração-- coloca um limite na exploração humana do universo, diz Juliana Kwan, da Universidade de Sydney em New South Wales, Austrália, que agora refinou este limite de nossas viagens.

Mesmo com foguetes que pudessem nos levar para perto da velocidade da luz, a expansão acabaria por nos deixar para trás.

O mais distante que a luz emitida por nosso Sol hoje poderia alcançar atualmente estaria por volta de 13,7 bilhões de anos-luz de distância, que são as dimensões atuais do universo --o Sol tem cerca de 4,5 bilhões de anos.

Quando a luz chegasse nos atuais limites, as dimensões então já seriam o dobro, esclarece Caius Lucius Selhorst, físico da Universidade do Vale do Paraíba.

"Superfoguete"
De acordo com cálculos anteriores feitos por Jeremy Heyl, da Universidade da Colúmbia Britânica, em Vancouver, e publicados em artigo no periódico "Physical Review", um "foguete super-avançado" poderia fazer todo este percurso em um tempo de vida humana.

Uma aceleração por volta de nove metros por segundo a cada segundo poderia conseguir alcançar 99% do caminho para o "horizonte" da expansão. Apesar da vasta distância, isto iria tomar cerca de 50 anos para o astronauta de referência, porque o tempo passaria mais lentamente na Terra devido à relatividade.

Agora, em um artigo que aparece no "Publications of the Astronomical Society of Australia", Juliana Kwan e seus colegas descobriram que a viagem poderia levar ainda menos tempo. Baseados nos valores cósmicos mais recentes para a energia escura e outros parâmetros, eles mostraram que um astronauta poderia fazer a jornada em apenas 30 anos.

Mas seus cálculos também sugerem que fazer a tripulação retornar para casa já seria um desafio em si. Mesmo pequenas incertezas na força da energia escura ou a densidade total de matéria no universo poderia fazer com que uma espaçonave não pudesse alcançar a Terra por milhões de anos-luz.

Começar a desaceleração apenas um segundo mais tarde poderia fazê-la ultrapassar a Via Láctea, diz Kwan: "Você efetivamente ficaria perdido no espaço".

Além disso, mesmo se você parasse no lugar certo, você ainda ficaria desapontado no retorno. Cerca de 70 bilhões de anos teriam passado na Terra, então o Sol já teria acabado há muito tempo, levando a Terra com ele, e a paisagem estaria praticamente toda escura.

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