quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Deformações do espaço-tempo podem ser detectadas em breve

A imagem ilustra a teoria da relatividade geral de Einstein, segundo a qual a matéria (energia) curva o espaço e o tempo à sua volta. As linhas mostram como o campo gravitacional do Sol provoca um desvio da luz

(AFP / Terra) As ondas gravitacionais, as deformações do espaço-tempo sobre as quais falou Albert Einstein, jamais foram observadas diretamente, mas os cientistas deram os primeiros passos para detectá-las, segundo pesquisas publicadas nesta quarta-feira pela revista Nature.

Como uma pedra jogada na água que cria ondas circulares em sua superfície, o Big Bang, a colisão de estrelas de nêutrons ou os buracos negros que se fundem podem deformar a textura do universo, criando ondas que se deslocam à velocidade da luz.

"As ondas gravitacionais são uma consequência da teoria da relatividade geral de Einstein que estabelece que, se houver uma massa, esta vai ondular o espaço, vai deformá-lo", explica o astrofísico francês Benoit Mours.

"Se aceleramos fortemente uma massa, vai haver emissão de deformações do espaço que se propagarão no universo: são as ondas gravitacionais", indica o cientista no blog do Instituto de Ciências do Universo do Centro Nacional de Pesquisa Científica francês (CNRS).

Um conjunto de ondas gravitacionais, causadas, por exemplo, pela fusão de dois buracos negros, pode alcançar a Terra e modificar de maneira ínfima as longitudes. "O tamanho de um ser humano vai mudar um milésimo de milmilionésimo de milmilionésimo de metros", resume Mours, associado aos trabalho do Virgo, o detector que se encontra operacional desde maio de 2007 perto de Pisa, na Itália.

Outros observatórios de ondas gravitacionais, instalados nos Estados Unidos (Ligo, Hanford e Livingstone) e na Alemanha (GEO), funcionam com base no mesmo princípio. Ao fazer interferir um feixe de luz laser que percorre túneis de vários quilômetros e que se cruzam em ângulo reto, tenta-se detectar as diferenças de longitude correspondentes ao milmilionésimo do diâmetro de um átomo.

"No Virgo, comparamos constantemente a longitude dos dois braços (3 km cada um) do interferômetro para ver se há um mais curto que o outro", explica Mours.

Dessa forma, foi dado um passo importante, segundo os cientistas que publicam esta semana os resultados das medições anteriores realizadas de 5 de novembro de 2005 a 30 de setembro de 2007 através do interferômetros Ligo, ou seja, a busca de ondas gravitacionais que datam dos primeiros segundos depois do Big Bang.

Nenhuma foi observada, mas esta falta de detecção de frequência de 100 hertz estudada tem em sim mesma as indicações dos modelos de universos nascentes possíveis.

"Não vemos nada, mas pode quantificar esse nada como fazemos como o ruído", explicou Mours. Estes resultados representam um evento importante, segundo Marc Kamionkowski, do Instituto Tecnológico da Califórnia.

Kamionkowski prevê que, com "os detectores de nova geração, o Advanced Ligo (que funcionará em 2014) e o Advanced Virgo, está garantido que se poderá ver um sinal proveniente de sistemas compactos de estrelas binárias", como, por exemplo, duas estrelas de nêutrons.

Virgo já é capaz de obsrevar "um volume do universo", que engloba 2 mil galáxias de até 65 milhões de anos-luz de distância, em busca de ondas gravitacionais devido à colisão de estrelas de nêutrons e a fim de detectar buracos negros se fundindo a 300 milhões de anos-luz.

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