(Mário Novello - O Povo) Ao longo das três últimas décadas do século passado, a Cosmologia adquiriu uma visibilidade formidável, tornando-se uma ciência capaz de atrair a atenção mundial de toda a sociedade. Um tal interesse somente teve paralelo na física atômica ao final da segunda guerra mundial, em conseqüência da utilização pelos americanos da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki. Entretanto, há uma diferença notável entre estes dois períodos: enquanto o interesse nos anos 50 estava associado aos aspectos tecnológicos que a ciência pode oferecer, no caso da Cosmologia a razão é bem diferente, pois o encantamento por esta ciência tem sua origem em sua principal função: abrir as portas para a contemplação científica do que ocorre muito além do nosso sistema solar, além de nossa galáxia, a Via Láctea, ao revelar o funcionamento desta totalidade que chamamos Universo.
Na década de 1960, a comunidade internacional dos cientistas se convenceu definitivamente de que o Universo é um processo dinâmico em expansão. Isso significa que o volume total do espaço aumenta com o passar dos tempos. Imediatamente surgiu a mais formidável das questões: quão pequeno foi o nosso Universo no passado? Duas respostas apareceram.
Segundo o modelo conhecido como Big-Bang, o Universo teria tido um momento singular caracterizado por condensação máxima há uns poucos bilhões de anos, identificado como o “começo-de-tudo” e que não permite análise ulterior.
Segundo o cenário do universo eterno, ele não possui um “começo” separado de nós por um tempo finito em nosso passado; aquele momento de condensação nada mais é do que um momento de passagem. Antes da atual fase de aumento de seu volume teria havido uma fase anterior – colapsante – onde o universo teve seu volume diminuído até um valor muito pequeno e a partir deste momento de condensação máxima, iniciado o atual movimento de expansão.
Embora o modelo Big-Bang tenha tido grande sucesso popular e adquirido uma divulgação sem precedentes na imprensa internacional, os cosmólogos ainda hoje não conseguiram responder a esta questão. Observações recentes de estrelas muito afastadas interpretadas como se a expansão do universo estaria sendo acelerada – devido a uma fonte desconhecida de energia que se convencionou chamar de “energia escura” – deu ao cenário eterno uma grande vantagem. Isso se deve à identificação possível desta energia escura com aquela que teria provocado a passagem da fase colapsante do universo primordial à atual expansionista.
Os cientistas do Instituto de Cosmologia Relatividade e Astrofísica do Ministério da Ciência e Tecnologia têm feito desta questão uma de suas principais linhas de investigação, reconhecendo que a Cosmologia adquire desse modo a missão mais grandiosa que a ciência já colocou: produzir uma explicação racional para aquilo que chamamos a criação do Universo.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
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