(Herton Escobar- Estadão) Imagine só: Nós vivemos no planeta Terra, que está dentro do sistema solar, que está dentro da Via-Láctea, que está dentro universo, que está dentro ... (pausa longa para pensar) ... bem, o universo também deve estar dentro de alguma coisa. Ou não? A verdade é que ninguém sabe. "Dentro de sei lá o que", talvez seja a melhor (e única) maneira de completar essa frase.
Eis aí uma pergunta capaz de tirar o sono de muita gente inteligente: O universo tem fim? Ou é infinito?
Se ele tem fim, então ele deve estar contido em alguma coisa, certo? Não podemos estar simplesmente flutuando no nada! Isso não parece fazer muito sentido.... Tem de haver alguma coisa "do outro lado" de onde ele acaba. Por outro lado, se ele não tem fim, como pode ser infinito? Tudo tem de ter um fim, não é verdade?! Só que isso nos leva de volta ao problema inicial ...
Resumindo: Se você sair voando numa nave espacial em linha reta no espaço, será que um dia você vai bater numa parede (o fim) ou vai continuar voando para sempre (o infinito)?
Depois de muito quebrar cabeça, lancei essa pergunta para o cosmólogo Amâncio Friaça, do Instituto de Astronomia (IAG) da Universidade de São Paulo. A resposta é difícil de ser resumida em poucas palavras, mas vou arriscar uma síntese mesmo assim. Pelo que eu entendi, se você sair voando numa nave espacial em linha reta no espaço, nunca vai chegar ao final dele, mas isso também não significa que ele seja infinito.
"O universo não tem um limite", explicou-me Friaça. "A melhor analogia é pensar na superfície de uma esfera, que é finita, porém não tem limites, não tem fronteiras."
Uma maneira mais complexa de dizer isso é que o espaço-tempo do universo dobra-se sobre si mesmo. Resultado: sua nave espacial vai provavelmente acabar voltando ao ponto de partida, mesmo voando em linha reta, sem nunca ter batido em nada. Tentar chegar ao limite do universo seria como tentar construir uma estrada para chegar ao horizonte da Terra. A estrada nunca teria fim! Ela daria uma volta ao mundo e chegaria de volta no mesmo lugar.
Ok, tudo bem, mas a minha pergunta inicial continua de pé: Se o universo é como uma esfera, essa esfera está dentro do que? (E esse o que está dentro do que?) Se eu conseguisse olhar para além dessa esfera, ou pular para fora dela, o que eu veria, ou onde eu cairia?
Os astrônomos costumam falar do universo com uma palavra a mais: o chamado "universo visível". Esse é, na verdade, o termo mais correto, porque ninguém sabe o que existe além daquilo que conseguimos enxergar. Hoje, o horizonte do universo visível fica a aproximadamente 13,5 bilhões de anos-luz de nós, que é o ponto mais distante de onde a luz já teve tempo de chegar até os nossos telescópios (e é também a idade do universo, contada a partir do Big Bang).
Só que esse horizonte está em constante expansão. Desde que o universo "explodiu" 13,5 bilhões de anos atrás, ele nunca parou de crescer. Se você olhar para qualquer outra galáxia a nossa volta, todas estão se distanciando de nós e também umas das outras, como se fossem azeitonas dentro de um massa que está crescendo no forno. O horizonte do universo visível, portanto, está se expandindo.
"Quanto mais tempo você olha, mais longe você enxerga", explica Friaça. Segundo ele, é possível que haja coisas no universo além do nosso horizonte atual, que não são visíveis hoje, mas se tornarão visíveis em algum futuro remoto, à medida que o universo se expande.
Por enquanto, diz ele, tudo que enxergamos já esteve conectado no passado, quando toda a matéria e energia do universo estavam espremidas num espaço subatômico (antes do Big Bang). Mas vai que aparece no horizonte do futuro alguma coisa que não está conectada com o universo como o conhecemos hoje...... aí surgirá uma outra pergunta de tirar o sono: Será que nosso universo é o único, ou será que há outros universos por aí, cujos horizontes um dia vão se cruzar com o do nosso?
"Ainda temos muitos mistérios para resolver", afirma Friaça. Ainda bem, professor, pois são os mistérios que fazem a ciência tão interessante.
Pense nisso a próximo vez que olhar para o espaço. E durma bem!
Eis aí uma pergunta capaz de tirar o sono de muita gente inteligente: O universo tem fim? Ou é infinito?
Se ele tem fim, então ele deve estar contido em alguma coisa, certo? Não podemos estar simplesmente flutuando no nada! Isso não parece fazer muito sentido.... Tem de haver alguma coisa "do outro lado" de onde ele acaba. Por outro lado, se ele não tem fim, como pode ser infinito? Tudo tem de ter um fim, não é verdade?! Só que isso nos leva de volta ao problema inicial ...
Resumindo: Se você sair voando numa nave espacial em linha reta no espaço, será que um dia você vai bater numa parede (o fim) ou vai continuar voando para sempre (o infinito)?
Depois de muito quebrar cabeça, lancei essa pergunta para o cosmólogo Amâncio Friaça, do Instituto de Astronomia (IAG) da Universidade de São Paulo. A resposta é difícil de ser resumida em poucas palavras, mas vou arriscar uma síntese mesmo assim. Pelo que eu entendi, se você sair voando numa nave espacial em linha reta no espaço, nunca vai chegar ao final dele, mas isso também não significa que ele seja infinito.
"O universo não tem um limite", explicou-me Friaça. "A melhor analogia é pensar na superfície de uma esfera, que é finita, porém não tem limites, não tem fronteiras."
Uma maneira mais complexa de dizer isso é que o espaço-tempo do universo dobra-se sobre si mesmo. Resultado: sua nave espacial vai provavelmente acabar voltando ao ponto de partida, mesmo voando em linha reta, sem nunca ter batido em nada. Tentar chegar ao limite do universo seria como tentar construir uma estrada para chegar ao horizonte da Terra. A estrada nunca teria fim! Ela daria uma volta ao mundo e chegaria de volta no mesmo lugar.
Ok, tudo bem, mas a minha pergunta inicial continua de pé: Se o universo é como uma esfera, essa esfera está dentro do que? (E esse o que está dentro do que?) Se eu conseguisse olhar para além dessa esfera, ou pular para fora dela, o que eu veria, ou onde eu cairia?
Os astrônomos costumam falar do universo com uma palavra a mais: o chamado "universo visível". Esse é, na verdade, o termo mais correto, porque ninguém sabe o que existe além daquilo que conseguimos enxergar. Hoje, o horizonte do universo visível fica a aproximadamente 13,5 bilhões de anos-luz de nós, que é o ponto mais distante de onde a luz já teve tempo de chegar até os nossos telescópios (e é também a idade do universo, contada a partir do Big Bang).
Só que esse horizonte está em constante expansão. Desde que o universo "explodiu" 13,5 bilhões de anos atrás, ele nunca parou de crescer. Se você olhar para qualquer outra galáxia a nossa volta, todas estão se distanciando de nós e também umas das outras, como se fossem azeitonas dentro de um massa que está crescendo no forno. O horizonte do universo visível, portanto, está se expandindo.
"Quanto mais tempo você olha, mais longe você enxerga", explica Friaça. Segundo ele, é possível que haja coisas no universo além do nosso horizonte atual, que não são visíveis hoje, mas se tornarão visíveis em algum futuro remoto, à medida que o universo se expande.
Por enquanto, diz ele, tudo que enxergamos já esteve conectado no passado, quando toda a matéria e energia do universo estavam espremidas num espaço subatômico (antes do Big Bang). Mas vai que aparece no horizonte do futuro alguma coisa que não está conectada com o universo como o conhecemos hoje...... aí surgirá uma outra pergunta de tirar o sono: Será que nosso universo é o único, ou será que há outros universos por aí, cujos horizontes um dia vão se cruzar com o do nosso?
"Ainda temos muitos mistérios para resolver", afirma Friaça. Ainda bem, professor, pois são os mistérios que fazem a ciência tão interessante.
Pense nisso a próximo vez que olhar para o espaço. E durma bem!
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